quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um conto nordestino - O "causo" das Arribaçãs

Oi, pessoal!
Cansada de ser uma das poucas ouvintes dos causos mais mirabolantes que se pode imaginar, venho hoje contar pra vocês uma história (ou estória?) muito interessante que aconteceu com o tio do meu marido, o Tio Araújo.

Vou lhes contar exatamente como ele me contou para que vocês entendam como coisas incríveis acontecem bem pertinho de nós sem que saibamos de nada! Eu, por exemplo, se não tivesse casado com Geovane, não saberia que coisas assim existem!

Bem, mas vamos ao conto:

"Quando meu Tio Araújo morava no Engenho Pirauá, município de Aliança, interior de Pernambuco, eu ainda era menino. Na frente da casa dele havia uma árvore grande, um pé de castanhola, que no inverno ficava todo verdinho e no verão exibia seus enormes galhos cobertos de folhas quase secas em direção ao céu azul daquele lugar (no NE não percebemos as 4 estações, apenas verão ou inverno). 
Era nessa época que apareciam as arribaçãs, que enchiam nossos ouvidos com a sua cantoria enquanto repousavam nos galhos do pé de castanhola. Toda tardinha a cena se repetia, ao por do sol lá vinham todas as arribaçãs do mundo para pernoitar lá.

O Tio Araújo não gostava das arribaçãs. O problema é que a folia que os passarinhos faziam incomodava, porque além do seu canto, tinha o barulho das asas, que quando estavam todas juntas, era ensurdecedor.
 
Um dia o Tio Araújo teve uma idéia para se livrar delas. Pela manhã, quando os passarinhos se retiraram, ele passou visgo de jaca (aquela substância viscosa da jaca que não larga fácil das mãos, muito usada pelos caçadores daqui para apanhar pássaros sem usar munição) em todos os galhos da árvore e ficou na espreita, com sua espingarda de chumbinho na mão, para dar um susto daqueles nas arribaçãs. A sua intenção, claro, não era matá-las, pois era cuidadoso para com os animais, mas queria assustá-las para elas não terem mais vontade de voltar.
 E assim ele esperou. No fim da tarde, quando as arribaçãs voltaram, pousaram tranquilamente nos galhos da castanholeira, como faziam todos os dias no verão. Foi o momento que o Tio Araújo estava esperando. Aproveitando a distração das arribaçãs, que já começam com a sua cantoria e balançar de asas, ele atirou para o alto, não em direção da árvore, pois não queria atingir os pássaros, sua intenção era assustá-las apenas.

Foi aí que o inesperado aconteceu. Ao ouvirem o barulho do tiro, as arribaçãs, que estavam grudadas nos galhos da castanholeira pelo visgo da jaca, começaram a bater suas asas freneticamente, para tentar se livrar e fugir para longe. Todas ao mesmo tempo. O barulho dava para ser ouvido até pelos moradores mais próximos, que estavam a cerca de dez metros de distância. Foi aí que o Tio Araújo ouviu um barulho maior, como algo sendo rasgado nas profundezas da terra.
Com os olhos arregalados, o meu tio viu a castanholeira ser arrancada do chão pela força das asas das arribaçãs e ser alçado para longe. Cada vez mais alto, até que se perdeu de vista. Por alguns minutos, o meu tio não conseguia pensar em nada, ainda boquiaberto com a cena que acabara de presenciar.

Até hoje não conseguiram encontrar o pé de castanhola. Dizem que ele foi visto passando por Aliança, em direção a Timbaúba, mas o Tio Araújo não pode confirmar, pois ele passou alguns dias sem sair de casa, ele queria curtir o silêncio do fim das tardes no Engenho Pirauá.

No espaço onde havia o pé de castanhola, o meu tio fez uma piscina. Uma forma de se consolar por ter perdido a sombra amiga da árvore. E também como memorial à paz e ao sossego."


Pessoal, essa é a primeira vez que tenho coragem de publicar um desses contos do Geo. Claro que minha família também já ouviu algumas vezes, e há quem diga que não aconteceu, mas...

Esse foi um "causo" real, acredite se quiser!

27 comentários:

  1. Eu acredito! =D eu ja comi esse passarinho pensando que era galinha pq quando cozinha a gente n pergunta se eh galinha ou não

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  2. eu comprei esse pequeno em umbu das artes em são paulo e o grande minha mãe quem mandou fazer. mas eu já vi para vender em casa que vende aviamentos. E com certeza dá para aprender pelo video que coloquei no post. E boa sorte e me mostra resultado depois =D

    vc sabe dizer pq no seu blog não consigo comentar com meu id? ele fica mandando eu colocar o login e senha do blogger e depois fica anonimo muito sinistro

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  3. Ai, ai... minha avó também era boa em contar "causos" e mesmo que não seja verdade, aproxima a familia e aquece o coração!

    Beijos linda !

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  4. Olá querida,
    Adorei o causo, lembro do me pai contando alguns também...
    Grata pela visita, as borboletas ficaram show!
    Estou seguindo,
    beijosss,
    jud-artes.

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  5. A minha sogra conta excelentes causos tbm, adoro...

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  6. Olá te encontrei no blog da Renata "cerca viva" e me interessei pelo seu blog, vou ler tudo com carinho, adoro conhecer novas culturas, pois sou geógrafa e valorizo tudo o que nosso país maravilhoso pode oferecer (apesar de tanta roubalheira e pouco caso com o meio ambiente) e com o trabalhador...aparece no meu blog, bjs! casadeprofessora.blogspot.com

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  7. Adoro um "causo"...
    Muito legal!
    Bjinhus e um fds maravilhoso pra vc!

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  8. Oi Ana!
    Que "causo" surpreendente, é de ficar com o queixo caído!!!
    Aninha, quanto ao endereço na net para vc conferir as duas dicas, volte na minha postagem e clique em cima do nome das duas dicas, lá têm o link!
    Obrigada pela visita!
    Beijinhos e bom fds!
    Ana Carla

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  9. Olá Ana, obrigada pela visita!!
    Adorei seu blog!!

    Minina, que causo foi esse, será q é verdade??
    Eu achei até bonito.... imagina a árvore voando....

    bjooo e volte sempre!
    Fer

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  10. Arrancar a castanhola, Ana? Tá parecendo estória de pescador, essa de tio Araujo(risos).

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  11. Muito interessante esse "causo", assim como é super interessante o seu blog..uma graça!!!

    Obrigado pelas visitinhas super carinhosas que vc me fez, adorei, e suas palavras são sinceras e confortantes...
    Adorei encontrar mais uma amiga...

    Bjão, um ótimo fim de semana!!!

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  12. Olá amiga., que conto legal...sabe que vc me fez lembrar de contos antigos que meu pai contava ...e de pessoas que já se foram., da fazenda da minha avó....amei...

    Tem uma mineira chamada cora coralina que escreveu lindas poesias..não sei, mas lembrei dela também...muito legal deixa registrado essas memórias..

    bem., vim agradecr o carinho no blog viu..
    obrigada pela visita e comentário...

    bjs e tenha um otimo final de seman

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  13. Ana,

    Verdade ou não, serve de lição para nós.
    As pessoas reclamam demais e as vezes tomam atitudes que podem ter consequencias inesperadas.
    Pode acontecer como essa árvore.
    Uma decisão errada, na hora da raiva, pode provocar uma perda eterna.
    Amei. E pode publicar mais que todos vão gostar.
    Obrigada pelo carinho lá no jardim.
    Um abençoado final de semana.

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  14. Olá Ana

    Estou sem tempo para ler o post, mas prometo voltar.

    Uma ótima tarde de sábado à vc...
    Bjoooooooo.............

    http://amigadamoda.blogspot.com

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  15. passei pra desejar um otimo final de semana e avisar que tem post novo no meu blog

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  16. OLÁ QUERIDA, QUE CONTO INTERESSANTE, GOSTO DESSAS COISAS DE TRADIÇÃO , TEM UM MISTÉRIO NO AR. E AGORA NÃO ESTÃO ACEITANDO NOVAS INSCRIÇOES DE BLOGUEIRAS UNIDAS , ESTÃO RECADASTRANDO AS 400 QUE JÁ EXISTEM, MAS SIGA O BLOG DAS BLOGUEIRAS UNIDAS QUE EU DEIXEI O LINK NA MINHA ÚLTIMA POSTAGEM, LOGO COMEÇARÃO GRUPOS NOVOS. BEIJOCAS E UMA LINDA TARDE...

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  17. Oi amiga, obrigada pela visita, já estou aqui te seguindo também, parabéns pelo blog é muito criativo, bom domingo e boa semana, beijos!

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  18. Oi linda
    Daqui a pouquinho volto para ler o post.As vezes a gente cansa Ana,são muitas pessoas nos chamando,esperando por nos,até mesmo que deveria nos carregar espera que o façamos por ele(das mais diversas formas,não necessariamente dinheiro),mas isso e tão humano,quanto você estar cansada.
    O nosso sofrimento,seja pelo que for pode ser desprezado...você não esta reclamando em vão,esta mesmo sofrendo(seja la pelo que for),quando estamos cansadas,vemos tudo e modo negativo e dificil,mas assim que você conseguir se distrair um pouquinho,descansar a cabeça e o corpo,você podera enxergar melhor a situação.Isso e normal,nõ somos de ferro lembra?.
    Beijinhos
    Deusa

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  19. Oi Ana,minha Vó adorava contar uns casos
    assim...vai saber se é verdade,né.
    Se conseguir comprar o shampoo/cond vc vai
    gostar muito.
    Bjks.
    Cris
    euetudoquegosto.blogspot.com

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  20. Minha nossa,que história ótima,eu amo passaros,mas sei que eles fazem barulho e sujeira demais,ainda mais em bando...mas dai a levar a Castanheira...kkkkkk....quem sabe...só Deus.
    Como esta minha amiga?,quem disse que você esta sozinha? O que pode estar acontecendo Ana,é que você resolveu assumir um peso maior que seu corpo aguenta,você quer e tenta resolver tudo,e quando tomamos esta atitude...os outros sentam(eu sei bem do que estou falando).
    Sempre que queremos algo,colocamos todas as nossas energias para conseguirmos e toda nossa esperança e força fisica e emocional para que dê certo,mas o problema e que nem sempre sabemos exatamente como fazer....então minha linda,pense nesse seu problema como um riozinho correndo em direção ao mar....ele esta indo pra frente,você esta nadando para trás....ja esta ficando cansada,mas continua a nadar contra a corrente....eu faço isso com frequencia,todas nos fazemos....quando percebo o que estou fazendo,eu paro,mentalizo de todo coração que estou entregando esse problema a Deus,pois esta muito pesado pra mim e sigo....vou em direção a corrente,paro de lutar,chorar,desejar,esperar,fazer...eu apenas sigo....esta entregue nas mãos do dono do riozinho...nas mãos do dono do mar....
    Beijinhos(me perdoe se falei algo que te deixe triste,pode excluir este comentario se quiser).
    Deusa
    vasinhos coloridos

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  21. Oi Ana, é a Vi(O tacho da Pepa), sem duvida precisamos cantar a musica do Zé Ramalho:
    Mistérios da Meia-Noite
    Que voam longe
    Que você nunca
    Não sabe nunca
    Se vão se ficam
    Quem vai quem foi...
    kkkkkk.
    Beijos,Vi,PS:estou anonima devido problemas com os blogs

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  22. Oi Ana, aqui são chamados de porongos o material que é feito as cuias de chimarrão, aí pra cima se não me engano são chamadas de "CABAÇAS", VOU POSTAR UMA FOTO SEM PINTURA PRA TI PODERES VER!! BEIJO

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  23. Adorei a estoria, fiquei imaginando a cena rsrs.
    Obrigado pela visitinha no meu blog, vim retribuir e te seguir tambem
    Bjks

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  24. kkkkkkkkk, adorei!
    Isso está parecendo coisa de minha família... Pode continuar com as histórias que são ótimas... Imagine isso servindo de enredo para um filme? Não poderia perder o lançamento,rsrsrsrs. Muito bom mesmo.
    A casa de minha avó era em uma rua onde as casas tinham muitas árvores. Um dia um morador resolveu mandar podar a do quintal dele, os vizinhos todos se juntaram para aproveitar o serviço do rapaz e pediram para que podasse as demais... Lá pelas cinco da tarde, os passarinhos que moravam nessas árvores todas, voltando para dormir, entraram em desespero... Eram centenas e mais centenas de aves enlouquecidas sem saber para onde ir. Nunca me esqueci da cena. Algumas morreram, pois davam encontrões no ar... Essa sua história me fez recordar esse fato... Fico pensando se elas resolvessem invadir as casas da turma que mandou cortar as árvores em que viviam... Ia ter muita gente desesperada também.
    Quanto aos livros, não desanime... o tempo vai passando e a gente vai ficando mais exigentes e seletiva... logo vc encontra novamente escritores que lhe tragam encantamento...
    Bjks
    Renata http://cercaviva.blogspot.com/

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  25. Ana,

    conto perfeito! O que você está esperando para publicar mais e mais contos. História envolvente, narrativa divertida e que prende os leitores, final inesperado, adoro realidade fantástica e essas histórias de "família" sempre tem muito disso. Parabéns!
    Vim aqui dizer que fico feliz em tê-la como companhia lá no Sobre Viver em Sinop e saio maravilhada e seguindo de perto.
    Grandes beijos

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  26. Ana querida,
    Costumo dizer que muitas das vezes quando o padre diz "o que Deus uniu, o homem não separe", nem sempre pode ser levado ao pé da letra. Existem situações em que não foi Deus que uniu. Ele apenas respeitou o nosso livre arbítrio. Quando a pessoa com quem casamos realmente foi escolhida por Deus e não por nós, aí sim não tem erro. Garanto que dessa vez a escolha não foi de vocês... Ana foi colocada no caminho de Geo e Geo no de Ana, pelas mãos do Pai. O outro caso esquece, pois agora é que a escolha foi acertada.
    Quanto ao viver com terço na mão, não significa santidade. As mãos precisam estar estendidas para dar e receber, assim como o coração.
    Bjs no coração e parabéns por ter ouvido e seguido as indicações de Deus! Siga glorificando o Seu nome, dando o seu testemunho e lançando suas sementinhas de amor por aí.
    Renata http://cercaviva.blogspot.com/

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Obrigada por vir e por comentar!
Beijo e fique bem!