Oi, pessoal!
No começo de Março fui visitar a casa de uma amiga que acabou de mudar para um assentamento no litoral sul de Pernambuco. Ela e sua família faziam parte de uma área que foi desapropriada para a construção/ampliação de SUAPE, por isso foram realocados na zona rural do Município de Barreiros, é a Reforma Agrária funcionando, pelo menos nesse caso.
Eu que sou recém chegada nesse assunto, e ainda tenho muito o que aprender, não imaginava ver o que vi. Nem vou dividir com vocês a minha ideia antes de conhecer, acho que prefiro guardar aqueles pensamentos errados e vergonhosos só pra mim. Mas vou mostrar e também contar pra vocês um pouquinho do que eu vi e vivi lá.
A visão que temos ao sair da casinha do Engenho Bombarda, onde ela está acomodada com a família, enquanto a dela vai ser construída na parcela. Após todo esse campo verde, temos o Rio Una, que alagou Barreiros há alguns anos atrás. Foi muita destruição. Mas a água retrocedeu, a cidade em parte se reergueu, é uma cidade bonita.
Um pé de mamão do quintal
Uma parte da casinha. Minha amiga precisou limpar tudo, estava abandonada há muito tempo.
Eu amo bambus. A parcela dela tem muitos plantados, uma linda visão ao longe, bem em cima do morro. Mas esqueci de tirar foto.
o menino precisou trocar seus sapatinhos pra encarar a lama do campo.
Mas ele e seus irmãos seguem os passos dos pais nessa vida. Lenin, meu reizinho. Levi, o lindo. Lucas, o magnífico. Eles são demais.
Olha o Lênin aí. Ele pertence a esse lugar.
Essa moradora já vivia lá, a família adotou e está cuidando. Tem mais duas, mas não consegui tirar a foto.
Gente, eu já nem lembrava mais como é gostoso andar descalça no barro vermelho, sentir o chão frio e molhadinho, o barro escorregando entre os dedos. Tiramos nossas galochas pra poder atravessar as poças de lama que eram muito fundas e podia atolar.
Minha cara de pura felicidade no meio do mato. Delícia de lugar.
O caminho é longo, e é muito trabalho, mas a alegria de estar produzindo algo, em total interação com a natureza, isso não tem preço.
O filho mais velho (Lucas) ajuda muito.
Mudinhas que logo serão replantadas na parcela. Vai ser lindo ver tudo isso crescendo.
Olha o que achamos escondido na barreira. Um buraco de tatu. Mas não vimos o bicho.
Tem muita paisagem bonita por lá.
Essa, por exemplo.
Barbara e seus filhos.
A casinha.
Há nascentes de água doce em toda parte, e se pode beber até beber daquelas que ainda não foram exploradas, são límpidas. Eu mesma matei a sede numa que fica pertinho da parcela de minha amiga. Há córregos, olhos d'água, riachos, além do Rio Una, que é puro esplendor em sua extensão e força. Esqueci de tirar fotos dele.
Cada momento lá foi um aprendizado. Impressionante ver o senso de preservação daquela família. A interação com a natureza, começando pelo meu reizinho Lênin, que mesmo tão pequeno sabe o valor de cada pedacinho daquele chão. Até o filho adolescente, o Lucas, tinha muita coisa a me dizer sobre tudo o que vi lá.
A maioria das estradas ficam intransitáveis na estação das chuvas. Acredito que quando começarem a escoar a produção dos assentados, vão melhorar as estradas. Há muito o que se fazer lá, e olhando com meus olhos logísticos, eu gostaria de começar tudo muito rápido, porque o crescimento econômico ali não é pra daqui a muito tempo, mas sim para daqui a pouco.
Quando a casa de minha amiga, a definitiva, estiver pronta, teremos uma visão de todo o vale. Me imagino indo visitá-la muitas mais vezes, e no fim da tarde vamos conversar contemplando aquele espaço rico, que até bem pouco tempo atrás estava abandonado e estéril.
Nem preciso dizer que voltei dali com um pensamento reciclado, uma visão bem melhor. E cheia de projetos. Há muito o que se fazer, começado pela consciência individual, pelo aprendizado e pela coragem de mudar. Vou começar pela minha casa, e quero ir ampliando o círculo aos pouquinhos.
Obrigada pela sua vinda, obrigada por cada um de vocês.
Um grande abraço.
Ana de Geo