Outro Causo Nordestino – O Sumiço do Vovô

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Esta história que eu vou contar hoje aconteceu com o Avô do Geo, o Vô Manoel Pastor. Para facilitar o entendimento dos caros colegas que por aqui passarem, farei a narrativa tal qual anterior, como se o próprio estivesse contando.

“Vovô Manoel Pastor foi o melhor balaieiro de que se tem registro na Zona da Mata Pernambucana. Morador da Chã do Escôncio, Distrito de Aliança, ele era conhecido pelo seu talento em transformar cipó nos mais variados objetos, desde caçuás até pequenos balaios para acomodação de frutas e cereais nas mercearias.

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 Mesmo estando em idade avançada, realizava sozinho o trabalho de três homens, precisando de ajuda apenas para a captação da matéria prima, o cipó, na mata vizinha do povoado. Mas para trançar o cipó e confeccionar os objetos, não tinha igual ao meu avô.  Como ele era rápido! Lembro-me das encomendas que recebia, e entregava todas elas dentro do prazo, nunca atrasou, era a marca registrada dele.

Foi justamente por causa desse princípio de nunca atrasar o trabalho que o Vovô passou por uma situação um tanto quanto perigosa.

Um dia, ele chamou o seu filho mais velho e pediu que o acompanhasse à mata, pois precisava colher o cipó para uma encomenda urgente que recebera. Porém o rapaz persuadiu o Vovô a não realizar a busca naquele dia, pois tinha ouvido rumores da existência de uma cobra de grande porte naqueles arredores. Recomendou que a busca fosse feita somente após alguém confirmar a morte da cobra.

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 Mas, como quase todas as pessoas de idade, o Vovô não deu ouvidos ao filho. Assim que ele se retirou, o Vovô saiu de mansinho e foi sozinho à mata para buscar o cipó. Não avisou a ninguém. Quando a família foi perceber a falta do Vovô Manoel Pastor, já era tarde demais para empreender qualquer busca. Esperaram o outro dia chegar.

Ao amanhecer, iniciaram a busca. Foram três dias de procura, e nada de encontrarem o Vovô na mata. A família já estava desenganada.

No fim do terceiro dia, avistaram uma cobra grande, destas que vemos nos filmes, descansando. Entendidos de cobra disseram que a mesma estava dormindo, e que, a julgar pelo volume que se via em sua barriga, ela tinha feito um grande banquete. O desespero tomou conta de todos, pois sabiam se tratar do Vovô Manoel Pastor ali, dentro da barriga daquela enorme cobra! 

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E o temor de todos foi confirmado. Aproveitando que a cobra estava dormindo, os presentes a mataram e abriram a sua barriga! Ainda lembro do horror estampado nos rostos quando tiraram de dentro daquele terrível animal o meu querido Vovô Manoel Pastor...”

- Morto, Geo?

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“Morto o quê, Aninha? Vovô saiu vivinho de dentro da cobra, e junto com ele encontraram o trabalho de três dias! Aproveitando que foi engolido junto com uma grande quantidade de cipó, o Vovô já tinha feito 3 caçuás, 1 balaio e 2 cumbucas de guardar verdura.

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Como eu disse, Vovô Manoel Pastor nunca atrasou um trabalho!!!”

Bem, pessoal. Esse é o causo de hoje. Desculpem se não estiver muito rico em detalhes, mas é que o autor está viajando, e eu só pude contar o que a memória permitiu.

Aconteceu "de verdade" com o Vovô Manoel Pastor. Acredite se quiser!

Beijos!